Sunday, October 26, 2008

Ela estava escutando música, mas o vazio do seu peito não tinha se espantado com os gritos da Janis, o vento estava forte na sua cara e ela sabia que o seu cabelo estava bastante parecido com aquela voz rasgada e pertubadora. Estava prestes a dizer a notícia pro namorado, ele ainda não tinha chegado, poxa, será que ia se atrasar novamente e perder a lua nascendo? Fechou seus olhos e começou a rezar, lágrimas de dúvida caíram estupidamente em seu rosto, quase que inconvenientes, bailando ao 'Piece of My Heart'. Já relembrava de tudo o que tinha decorado para contar aquilo, ia-se abrir de uma forma como nunca antes. Nesse instante, a luz, as lagrimas, a balada, abriram todas as suas janelas, agora sim, sentia o vento, a luz do sol entrar em si, mas no teto dos corredores, ouvia passos, têm alguem aí? Ouvi seus passos... Não quero que saiba o que estou pensando, que raiva, eles semprem aparecem nessas horas que abro minhas janelas, como se sedentos de pensamentos e desvaneios alheios, perseguem a gente pelas nossas janelas, cuidado.

Sunday, October 12, 2008

Conto Curto

Passara-se quase meia hora dentro da sua divagação com as formigas da mesa do bar. Sua barriga lhe apertava de fome mas o dinheiro já tinha sumido com todas as fichas e as cervas. O mal cheiro de banheiro já invadia o salão e o pobre balconista dormia na frente da tv. Barulhos estranhos começavam a exalar das árvores da calçada, difuso enfim, os pássaros vieram levar pra lá, visitar o céu.

Wednesday, October 08, 2008

Ele acordou em uma manhã habitual, sempre acorda mal humorado, até numa noite que finalmente consegue dormir cedo, mas não adiantou de nada, acordou cansado e com dor no pescoço. Apronta seus papéis, agenda e cadernos, e zarpa para a sua famigerada faculdade de comunicação, já se passava 2 anos dentro da academia, e sinceramente não aguentava mais as aulas. Nunca conseguiu ter uma férias de fato, sempre envolvido com a sua pesquisa com o professor de sociologia. Quase não acreditava, estava chegando, há tempos vinha planejando essas férias. Sairia no primeiro dia da tal, iria subir a serra e acampar com amigos. Nunca tinha fumado, nunca tinha tomado um porre, já teve namoradas mas nunca faziam nada de mais, toda essa ansiedade misturada com medo e uma pitada de rebeldia o fascinava, e o temia. Estava em fim de período, não poderia passar muito tempo divagando. Até mesmo essa própria divagação, ele teve no onibus. Chegando à faculdade, poxa, não tem aula! Não era muito uma sensação de alegria, próxima semana seria a avaliação, e mal teve aula durante o semestre, e vai que ele poderi...
Sem pensar duas vezes foi direto pra praça da faculdade, grama verde, sol, filhotes de gatos, livros jogados, e uma algazarra vindo de um grupo sentado em círculo. Bem, lógico que era os seus amigos, nos seus cotidianos cigarros de maconha, exceto por hoje, era um verdadeiro charuto! Já provara uma vez, mas no bolo, não gostou, estava em um dia ruim, não fez piada besta, nem falou, nem riu, depois disso nunca mais, nem seria hoje... ou não. Ele sentou cumprimentando e perguntando sobre a organização das viagens, hm, todos riram, já estava acostumado, riu de esquina e se deitou na mochila, só teriam aulas pela tarde, estava doído, mas não ia dormir. Escutando alguma música dos Beatles, olhava para a sua melhor amiga, excêntrica libriana, eram tão parecidos... Logo viu alguém que estava ao seu lado, o fitando e rindo calmamente, nunca tinha visto sorriso tão cativante, era interessante, todo o seu rosto ria, aliás, todo o seu corpo expressava qualquer sentimento de uma melancolia estranha e sorridente. Um pequeno vestido verde indiano e profundos olhos negros, poxa, os Beatles até sumiram aos ouvidos quando ela falou "Oi". Odiava escutar música pela metade, mas hoje iria abrir uma exceção.